Experiência Religiosa e Liberdade em Edith Stein: o abandono em Deus como realização da interioridade pessoal.

Resumo

Estudar a experiência religiosa em Edith Stein exige atravessar várias áreas do saber: da fenomenologia nos moldes de Husserl à mística carmelita, passando por uma psicologia integral e uma antropologia do ser corpóreo-espiritual, desafiando as fronteiras entre fé e razão, incorporando as contribuições da filosofia, da teologia, da psicologia e da antropologia. Neste artigo pretendo defender a tese que não se faz jus à experiência religiosa em Edith Stein tratando-a como um mero objeto de estudo, mas que ela deve antes de tudo ser vista como um caminho vivencial e existencial de transformação interior, que envolve a liberdade e uma escolha consciente em todas as suas fases, e que esta experiência se relaciona intrinsecamente com a capacidade humana da empatia, enquanto encontro com uma interioridade de outro ser humano que prepara o encontro místico com o Ser eterno. Além disso, encontra respaldo na sua visão o ser humano como um ser espiritual, dotado de um centro profundo que transcende a consciência. Deste modo, pelo menos de forma implícita, o tema da experiência religiosa se vincula à experiência do autoconhecimento profundo, estando presente em todas as fases da sua obra, desde a tese de doutorado.